23/10/12

O desempregado


 
Levantava-se com as manhãs, como quem tivesse para onde ir.
Ir onde? Para o café? Para o jardim?
Para onde houvesse vida, decidira, agora que moribundo se sentia.
E sentava-se no terminal dos comboios, a ver quem passava... Sempre dava para entreter e às vezes até acontecia ganhar um sorriso de mulher.
Assim anoitecia melhor.
Mas na manhã seguinte regressava ao vazio do dia em branco.
O mesmo dia repetido, desde que o tinham demitido.
Até quando?
 
Rita Bertrand, 40 anos, Lisboa

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